Jantar de Inverno
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A VIDA
(primeira parte)
Não é objectivo deste texto falar de como se originou a Vida, já tratado anteriormente, mas por exigência do suporte, de um forma sinóptica e ligeira, abordar a Vida propriamente dita.
A maior inquietude do homem desde que teve conhecimento da sua existência até hoje, é sem dúvida, a morte. Ela representa o seu fim. O temor que lhe inspira, leva-o a tentar esquecê-la, como se com isso tivesse a esperança de ser esquecido por ela.
Mas em todos os momentos da vida, por muito que esteja esquecida, a morte está sempre presente, sendo a fronteira entre elas, tão ténue e imprevisível, que seria ajuizado estar preparado para a cruzar.
Pelo contrário, a satisfação dos apetites é demasiado desejada, para que possa aceitar um dia ter de os perder.
Obcecado com a perda, tenta obstinadamente evitá-la, não conseguindo melhor que a criação para si de um conceito superior, que julga suficiente para subalternizar a morte, a Vida, como se esta fosse o estágio fundamental e a outra uma intrusa indesejável.
O vocábulo Vida, é o singular de uma enorme pluralidade, onde seu sentido se esbate na diversidade do que se equaciona.
A palavra Vida só pode ser considerada no âmbito do nosso planeta, pois ela foi escolhida pelos seus habitantes como seu sinónimo e de tudo “vivo” que com ele interage, sendo a sua forma mais abrangente o conceito de Gaia, o planeta vivo.
Querer dar-lhe uma universalidade para além do que etimologicamente o vocábulo traduz é um erro, que cometido, limitará todas as formas de pensamento chegarem mais longe.
Diversas abordagens podem ser feitas à Vida: biológica, filosófica, temporal, psíquica, etc. Em todas elas são encontradas definições circunscritas a vidas, mas nunca à Vida como um Tudo no seu sentido mais absoluto. A palavra para tal representação não existe, pois o homem nunca poderia criar uma palavra para aquilo que desconhece, por isso, Vida, tem de lhe ser, única e simplesmente, subjectiva.
Li algures alguém que dizia: «o que procuro incessantemente e nunca encontrei resposta e sempre tenho lido que não existe, é uma definição suficientemente abrangente da Vida, pelo menos aplicada aqui na Terra»
A preocupação do autor e de muitas pessoas, é a prova de que para eles se poderia dar um significado, se não ilimitado, muito mais abrangente de Vida, mas que a obsessão da morte, os inibem de imaginar um sentido para além do que lhes é cognoscível: «nem que fosse só na Terra».
Querer dar um significado diferente à Vida do que ela referência, é como querer agarrar o ar com as mãos, ou como diz a prática Zen, ouvir o bater de palmas com uma só mão.
Não há lei científica que o consiga, nem um postulado que por definição, ficaria por provar.
Segundo Platão, não se pode admitir que do sensitivo – particular, mutável e relativo – se possa de algum modo tirar o conceito universal, imutável, absoluto.
Ao interrogarmo-nos, porquê vivemos se temos de morrer, tiramos todo o sentido à Vida, limitamos o nosso horizonte do conhecimento e ficamos reduzidos a uma causa efeito de que não compreendemos o sentido.
Porquê nos deixaram saborear e depois retiram, quando a habituação passou a ser o nosso próprio paradigma?
A falta de compreensão leva-nos a questionar de onde viemos e para onde vamos, qual o sentido da Vida, o que é ela afinal, mas ao questionarmos não temos em mente a Vida em si mas a inquietude da morte.
É o medo da finitude que nos leva a tentar compreender o que é a Vida, pois a finitude é a sua perda.
Há quem procure compreender a Vida a partir da morte.
Será realmente a morte o fim de tudo? Se a conseguirmos compreender ficaremos a compreender a Vida. Tão importante é uma como a outra, completam-se num único fundamento, se algum fundamento pode ser equacionado, que na minha modesta opinião é incognoscível, e o incognoscível é o limite do nosso pensamento.
Será a morte o fim da Vida ou na realidade o princípio dela?
Como a Vida e a morte não são exclusivo dos ocidentais, não devemos menosprezar o que a esse respeito pensam os orientais. Nestes assuntos civilizacionais, convém não esquecer que toda a nossa cultura tem origem neles, que pela mão dos Gregos chegou até nós, quando moldaram a nossa maneira de pensar.
(continua)
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A VIDA
(primeira parte)
Não é objectivo deste texto falar de como se originou a Vida, já tratado anteriormente, mas por exigência do suporte, de um forma sinóptica e ligeira, abordar a Vida propriamente dita.
A maior inquietude do homem desde que teve conhecimento da sua existência até hoje, é sem dúvida, a morte. Ela representa o seu fim. O temor que lhe inspira, leva-o a tentar esquecê-la, como se com isso tivesse a esperança de ser esquecido por ela.
Mas em todos os momentos da vida, por muito que esteja esquecida, a morte está sempre presente, sendo a fronteira entre elas, tão ténue e imprevisível, que seria ajuizado estar preparado para a cruzar.
Pelo contrário, a satisfação dos apetites é demasiado desejada, para que possa aceitar um dia ter de os perder.
Obcecado com a perda, tenta obstinadamente evitá-la, não conseguindo melhor que a criação para si de um conceito superior, que julga suficiente para subalternizar a morte, a Vida, como se esta fosse o estágio fundamental e a outra uma intrusa indesejável.
O vocábulo Vida, é o singular de uma enorme pluralidade, onde seu sentido se esbate na diversidade do que se equaciona.
A palavra Vida só pode ser considerada no âmbito do nosso planeta, pois ela foi escolhida pelos seus habitantes como seu sinónimo e de tudo “vivo” que com ele interage, sendo a sua forma mais abrangente o conceito de Gaia, o planeta vivo.
Querer dar-lhe uma universalidade para além do que etimologicamente o vocábulo traduz é um erro, que cometido, limitará todas as formas de pensamento chegarem mais longe.
Diversas abordagens podem ser feitas à Vida: biológica, filosófica, temporal, psíquica, etc. Em todas elas são encontradas definições circunscritas a vidas, mas nunca à Vida como um Tudo no seu sentido mais absoluto. A palavra para tal representação não existe, pois o homem nunca poderia criar uma palavra para aquilo que desconhece, por isso, Vida, tem de lhe ser, única e simplesmente, subjectiva.
Li algures alguém que dizia: «o que procuro incessantemente e nunca encontrei resposta e sempre tenho lido que não existe, é uma definição suficientemente abrangente da Vida, pelo menos aplicada aqui na Terra»
A preocupação do autor e de muitas pessoas, é a prova de que para eles se poderia dar um significado, se não ilimitado, muito mais abrangente de Vida, mas que a obsessão da morte, os inibem de imaginar um sentido para além do que lhes é cognoscível: «nem que fosse só na Terra».
Querer dar um significado diferente à Vida do que ela referência, é como querer agarrar o ar com as mãos, ou como diz a prática Zen, ouvir o bater de palmas com uma só mão.
Não há lei científica que o consiga, nem um postulado que por definição, ficaria por provar.
Segundo Platão, não se pode admitir que do sensitivo – particular, mutável e relativo – se possa de algum modo tirar o conceito universal, imutável, absoluto.
Ao interrogarmo-nos, porquê vivemos se temos de morrer, tiramos todo o sentido à Vida, limitamos o nosso horizonte do conhecimento e ficamos reduzidos a uma causa efeito de que não compreendemos o sentido.
Porquê nos deixaram saborear e depois retiram, quando a habituação passou a ser o nosso próprio paradigma?
A falta de compreensão leva-nos a questionar de onde viemos e para onde vamos, qual o sentido da Vida, o que é ela afinal, mas ao questionarmos não temos em mente a Vida em si mas a inquietude da morte.
É o medo da finitude que nos leva a tentar compreender o que é a Vida, pois a finitude é a sua perda.
Há quem procure compreender a Vida a partir da morte.
Será realmente a morte o fim de tudo? Se a conseguirmos compreender ficaremos a compreender a Vida. Tão importante é uma como a outra, completam-se num único fundamento, se algum fundamento pode ser equacionado, que na minha modesta opinião é incognoscível, e o incognoscível é o limite do nosso pensamento.
Será a morte o fim da Vida ou na realidade o princípio dela?
Como a Vida e a morte não são exclusivo dos ocidentais, não devemos menosprezar o que a esse respeito pensam os orientais. Nestes assuntos civilizacionais, convém não esquecer que toda a nossa cultura tem origem neles, que pela mão dos Gregos chegou até nós, quando moldaram a nossa maneira de pensar.
(continua)